Empregados da Caerd aceitam acordo firmado na Justiça do Trabalho e encerram greve


Os empregados grevistas da Companhia de Águas e Esgotos do Estado de Rondônia (Caerd) aprovaram por unanimidade em assembleia realizada nesta quarta-feira (29) o acordo histórico firmado na Justiça do Trabalho entre a empresa pública e o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas do Estado de Rondônia (Sindur). Com isso, a greve iniciada no último dia 7 está oficialmente encerrada.
A audiência conciliatória aconteceu na tarde de terça-feira (28) no edifício-sede do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região (TRT-RO/AC), referente ao processo de Dissídio Coletivo de Greve ingressado pelo Sindur. A solenidade foi presidida pela desembargadora Maria Cesarineide de Souza Lima, com o apoio do Ministério Público do Trabalho, por meio do procurador Regional do Trabalho no 2º Grau, Jonas Ratier Moreno, e da procuradora-chefe do MPT em Rondônia e Acre, Camilla Holanda Mendes da Rocha.
O acordo entabulado, que contou com a participação direta de representantes dos três poderes e da cúpula da Caerd, garantiu o aporte de 70% da arrecadação diária da empresa para o pagamento dos salários atrasados de até R$ 5 mil bruto, considerada a totalidade da remuneração (exceto horas extras e encargos patronais), a ser efetuado da menor remuneração para a maior. Após a quitação do mês mais atrasado (setembro/2017), a Caerd deverá reservar 60% da arrecadação diária para aqueles que percebem remuneração superior a R$ 5.001,00 para quitar o mesmo mês. Após, a mesma sistemática será adotada para os meses seguintes, até a completa regularização da folha de pagamento.

Em relação ao ticket alimentação, ficou reservado o percentual de 70% a ser aplicado após a regularização dos salários de setembro, onde será regularizada a dívida com o fornecedor até o mês de outubro, com a consequente liberação do pagamento aos trabalhadores do ticket alimentação do mês de novembro para a totalidade dos empregados. A partir disso, somente então será realizado o pagamento das verbas salariais do próximo mês (outubro). Dessa forma, o mesmo procedimento será adotado, onde paga-se um mês de salário e um ticket alternadamente.
Na ata de conciliação, a Caerd comprometeu-se ainda em não realizar descontos nos salários referente aos dias parados e não cortar o ponto ou quaisquer outros atos de retaliação. Também firmou o compromisso de se abster de deflagrar sindicância ou qualquer tipo de processo administrativo/disciplinar para apurar/penalizar quaisquer atos praticados pelos trabalhadores que aderiram ao movimento paredista e relacionados à greve, exceto comportamentos enquadrados no art. 482 (justa causa) da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), devidamente apurados, ou que infringirem a Lei de Greve. Além disso, a Companhia deverá garantir a estabilidade provisória de 90 dias após o retorno dos trabalhadores aos postos de trabalho, proibindo a demissão dos empregados públicos que aderiram ao movimento, aplicando-se a mesma exceção anterior.

A desembargadora fixou ainda multa por eventual descumprimento no importe de 30%, a ser revertida para o trabalhador prejudicado, cuja base de cálculo será o valor a ele devido. Registrou ainda que a empresa deverá comprovar semanalmente nos autos o cumprimento dos itens por meio de demonstrativos da arrecadação diária, dos trabalhadores que perceberam os valores e correspondentes comprovantes dos depósitos bancários.
União

No fechamento da audiência, junto aos trabalhadores que aguardavam o resultado no Plenário do Tribunal Pleno, Maria Cesarineide ressaltou o resultado da conciliação no dia que o TRT completou 31 anos de instalação e conclamou todos os envolvidos a unirem forças para dar sustentabilidade à empresa pública que passa por dificuldades financeiras. "É hora de deixar de lado as divergências. Antes que a nossa empresa de água seja privatizada, vamos lutar por ela. Eu percebi algo importante, que os senhores amam a empresa, mas eu reconheço também que tem uma presidente que tem responsabilidade e tem amor a essa empresa", afirmou.
"A hora é de dar as mãos. Lutem pela empresa. Vocês devem isso por vocês, pelos filhos que virão, vocês devem isso pela sociedade. Deêm o melhor de vocês para salvar a Caerd. O Estado de Rondônia e nós merecemos isso", clamou a desembargadora.

Pelo MPT, Jonas Moreno evidenciou o papel das instituições na solução do conflito. "As negociações são duras. O que a gente busca é a paz social, o conforto dos trabalhadores porque aqui estamos discutindo nada menos que a comida na mesa dos trabalhadores. É um bem inalienável de sobrevivência. O interesse público também aqui preservado porque ninguém fez uma negociação absurda que comprometa, mas que traz tranquilidade para a população, por conta desse bem da vida que é a água na sua torneira", finalizou ao convocar também os envolvidos a lutarem pela sobrevivência da empresa pública.



Pelo Sindur, participaram da audiência de conciliação o presidente Nailor Guimarães Gato, secretário de Assuntos Jurídicos, Wilson Pereira Lopes, a dirigente Sindical em Ji-Paraná, Irizadina Maria da Silva Bandeira, e os advogados Felipe Roberto Pestana, Kátia Aparecida Pullig de Oliveira e Ana Caroline Dias Cociuffo Villela. Pela Diretoria da Caerd, a presidente Iacira Terezinha Rodrigues de Azamor, o secretário de Saneamento, José Irineu Cardoso Ferreira, secretário de Finanças, José Roberto Leite, superintendente Financeiro, Kenny Abiorana Duran, diretor Administrativo Financeiro, Luciano Walério Lopes de Oliveira Carvalho, e os advogados Thiago Costa Miranda, Alessandro Silva de Magalhães, Maricélia Santos Ferreira de Araújo, Vinicius de Assis e Ana Paula de Carvalho Vedana. Pelo Estado, também se qualificou o procurador do Estado, Haroldo Batisti.


Confira abaixo a Galeria de Fotos (caso não apareça no seu navegador, clique em cima para permitir a instalação do plugin)
Ascom/TRT14 (Luiz Alexandre)
Esta matéria tem caráter informativo, sem cunho oficial
É permitida a reprodução mediante citação da fonte