CHÁ COM ELAS: desafios, conquistas, superação e luta por igualdade são temas abordados por pesquisadora

Com o tema “Mulher; Mãe e Identidades”, doutora Ana Suy Sesarino contribuiu nos debates desta semana dedicada à Mulher

O 3º dia do evento Chá com Elas, coordenado pela Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região (Ejud-14), contou com a participação da palestrante Ana Suy Sesarino, que abordou os desafios enfrentados pelas mulheres na sociedade contemporânea. Na prática, as mulheres ainda encontram problemas estruturais, antigos e novos, que dificultam a busca por igualdade social em todos os aspectos.

Ana Suy fez uma retrospectiva sobre a mulher do ponto de vista da psicanálise e como a mulher é vista ao longo da história. “A mulher sempre foi refém de situações que as impediam de ter autonomia em suas vidas como escolher seus maridos, ter filhos ou não, trabalhar, entre outros”, explicou. De acordo com a psicanalista, aos poucos, movimentos feministas e de lutas, a envolver pautas relacionadas ao tratamento dirigido à mulher, possibilitaram - como ainda possibilitam - maior emancipação do feminino.

Em decorrência dos fatores mencionados, a psicanalista explicou ser essa a razão pela qual mulheres contam com inúmeras feridas, passadas e presentes,  sendo demasiadamente difícil o equilíbrio entre os papéis desempenhados. “Muitas meninas cresceram escutando de suas mães o seguinte termo: não dependa de homem. Seja independente. Porque nossas mães sofreram os efeitos da falta de autonomia e ao se depararem com mulheres que lutaram por independência, tornaram-se replicadoras desse modelo ”, frisou Ana Suy. 

A psicanalista pontuou sobre a necessidade de se levantar questionamentos. Se antes Freud, disse ela, perguntava sobre o desejo das mulheres, agora é preciso questionar outros pontos. “Qual é o ponto que a independência se torna um isolamento? Qual é o ponto que a dependência impossibilita uma mulher de viver sua vida de um modo autônomo? Nos faltam referências de mulheres que tenham sabido dosar essas questões na nossa família”, esclareceu. 

Sobre a maternidade, a psicanalista explicou que os desafios são grandes. “Precisamos dar espaço para a criança explorar, a mãe não precisa dar conta de tudo. A criança precisa ter novas experiências e se relacionar com outras pessoas”, disse. Ana Suy enfatiza que nem todas as mulheres estão aptas à maternidade. “Por isso, vemos casos de mães que abandonam seus filhos e muitas vezes de modos que chocam a sociedade. Também é bom lembrar que, do ponto de vista social, isso era aceito e vemos isso por meio dos orfanatos ou a possibilidade de deixar na casa de alguém”. A palestrante destacou ainda que a responsabilidade de criação de uma criança não deve ser delegada exclusivamente à mãe. “Como sempre falam, a mulher não faz o filho sozinho”, disse. 

Ana Suy ressaltou também que atualmente vivemos em uma sociedade extremamente individualista. “O modo de viver é individual. Cada um precisa tomar conta de si e pedir ajuda é visto como um sinal de fracasso. Temos que ser autônomos e autosuficientes”, afirmou.

Programação

Nesta sexta-feira (11), a programação fecha com a contribuição inédita de três juízas afegãs, refugiadas em solo brasileiro, cujos nomes e imagens não foram divulgados por questões de segurança, mas que aceitaram o desafio de relatar as dificuldades da migração forçada e do terrorismo, trazendo na bagagem a memória de um lar despedaçado e, no coração, a esperança de dias melhores. 

 

Para resguardar a identidade das participantes a programação será fechada, exclusiva para inscritos e não será transmitida no canal da Ejud no YouTube.

 


Secom/TRT14 (Munique Furtado)

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