#ElafazJus - Conheça quem foi Eunice de Souza Botelho, a primeira mulher a ocupar a Vice-Presidência do TRT-14
A desembargadora Eunice de Souza Botelho foi um exemplo de dedicação à vida forense
“Ser mulher é ultrapassar os limites da lógica e da razão. Olhar o futuro vislumbrando sonhos, conquistas e realizações”.
A frase, que define o que é ser mulher, foi dita pela desembargadora Eunice de Souza Botelho, mais uma mulher que ultrapassou os limites da lógica e da razão. O seu olhar no futuro a levou a ser a primeira vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região (RO/AC), eleita para o biênio 1989/1990. Eunice fez história ao se tornar a primeira mulher a ocupar o cargo de direção na Corte da Justiça do Trabalho no regional Rondônia/Acre. Mas até se tornar desembargadora, sua trajetória profissional foi longa e cheia de experiências que só agregaram a sua formação profissional.
Eunice nasceu na cidade de Manaus, estado do Amazonas, em 17 de outubro de 1927. Até ingressar na magistratura, um longo caminho foi percorrido. Sua formação acadêmica de Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Pará foi concluída em 1970, aos 43 anos.
Antes de iniciar na magistratura, por 11 anos, Eunice chegou a fazer parte do quadro funcional do Instituto de Previdência dos Industriários e, após a unificação, do Instituto Nacional da Previdência Social, junto à Superintendência Regional do Pará, de 1962 a 1973. Também foi professora no Colégio Agrícola Manoel Barata no período de 1970 a 1971.
O grande salto para a magistratura ocorreu em 1973, quando foi nomeada para o exercício do cargo de juíza do Trabalho Substituta do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, através do Decreto Presidencial, em 26 de março. Desde então, dedicou a sua vida a fazer Justiça.
Em 25 de setembro de 1978 assumiu o cargo de juíza do Trabalho presidente da Junta de Conciliação e Julgamento de Rio Branco (AC). Em 1981 com a instalação do Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região (AM/RR), foi removida para a Presidência da 2ª Junta de Conciliação e Julgamento de Manaus (AM).
Já a trajetória da magistrada em terras rondonienses, teve início em 1986, com a criação do TRT da 14ª Região, em 17 de julho. No TRT-14, Eunice tomou posse como juíza togada, por meio do critério de antiguidade, no mês seguinte à instalação do tribunal. Dois anos depois, sua competência a levou a ocupar a Vice-Presidência do regional, espaço que, em um passado não muito distante, era ocupado apenas por homens.
A desembargadora Eunice Botelho foi um exemplo de mulher poderosa que inspirou outras mulheres. Valente à frente do tempo para defender os seus ideais na época, mas sem perder a ternura para acolher aqueles que a ela se achegavam. A magistrada não só ensinou, mas praticou a linguagem do amor.
Maria da Conceição de Souza Filha, servidora na 6ª Vara do Trabalho de Porto Velho (RO), conhece bem essa qualidade marcante da magistrada. Em um dos contatos que teve com a desembargadora, a servidora estava grávida de oito meses. Na ocasião trabalhava no serviço de limpeza do tribunal, e para a sua surpresa, a então vice-presidente se preocupou com seu estado de saúde. “A minha barriga estava enorme, e lembro que ela perguntou se eu tinha férias para tirar ou recesso. Eu disse que não, mesmo assim, ela antecipou a minha licença maternidade, e pediu que eu fosse pra casa descansar, esperar a minha filha nascer e só retornasse ao trabalho quando tivesse cumprido a licença maternidade. Foi de uma sensibilidade tremenda, que jamais vou esquecer”, relatou a servidora.
Mesmo depois de aposentada, a desembargadora atendia a todos que a procuravam com a mesma gentileza e presteza de sempre, como registrado durante uma entrevista que deu ao jornalista do tribunal na época, Abdoral Cardoso.
O jornalista e também professor, guarda com carinho esse momento. "Lembro-me da maneira gentil e cordata com a qual a juíza togada aposentada Eunice de Souza Botelho recebeu a mim e ao cinegrafista Alberto Alves, em sua residência. A entrevista era para registrar a história oral da trajetória e avanços do regional, desde a sua chegada a Porto Velho, promovida ao cargo de juíza titular da antiga Junta de Conciliação e Julgamento da Capital, embrião do atual tribunal regional”, detalhou.
Abdoral recordou ainda a forma concisa na formulação das respostas da magistrada, o que tornou a entrevista mais espontânea, rica e viva. Segundo ele, a desembargadora agregou prudência à abordagem de questões conflituosas das relações do trabalho e a práxis dos direitos dos trabalhadores. “Confesso que saí maior dessa entrevista, por vários motivos. O mais importante deles, é a capacidade do Jornalismo conseguir tanger maior nível de comunicação do judiciário com o cidadão, principalmente se o desafio é vencer as distâncias amazônicas, e a juíza deu sua contribuição”, destacou o comunicador.
Esse ano, no dia 13 de maio, completa uma década de ausência da Eunice, mas seu legado ficou eternizado não só na memória de quem com ela conviveu, mas também na história do TRT-14. Uma história que continua a inspirar outras pessoas, em especial as mulheres que buscam ingressar na vida forense.
Neste mês de março, como forma de homenagear todas as 281 mulheres da instituição, que assim como a desembargadora Eunice fazem a diferença na Justiça do Trabalho, a Secretaria de Comunicação Social e Eventos Institucionais do TRT-14 divulga a série “Ela faz Jus”. Serão reportagens e posts que irão relatar a trajetória de mulheres que representam todas as demais mulheres do regional. Uma forma de reconhecer o esforço, talento, dinamismo e profissionalismo da força feminina no tribunal.
O trabalho de pesquisa das informações históricas, conta com a colaboração da Coordenadoria de Gestão Documental, Arquivo e Memória do TRT-14 (CGDAM), responsável por manter viva toda a história do Regional.
A próxima reportagem traz o relato de mais uma profissional do TRT, a servidora Maria da Conceição de Souza Filho, que assim como a desembargadora Eunice, faz jus.
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Secom/TRT14 (Yonara Werri, com informações e fotos da CGADM/TRT-14)
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