Leitura de livro que aborda os impactos do trabalho infantil incentiva a reflexão e a conscientização sobre o tema.

A Comissão Regional de Combate ao Trabalho Infantil e Estímulo à Aprendizagem do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região (RO/AC) promoveu a primeira edição da Roda de Conversa Literária, levando conhecimento e debate aos alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Rio Branco. O projeto, que reuniu alunos dos 8º e 9º anos, utilizou o livro "Carvoeirinhos", de Roger Mello, como ponto de partida para discutir os impactos do trabalho infantil.

A obra, que aborda com sensibilidade a dura realidade das crianças que trabalham nas carvoarias e os impactos do trabalho infantil, foi distribuída previamente aos alunos, e abriu caminhos para os debates e as conversas sinceras.

"Eu acredito que o conhecimento é uma coisa que ninguém tira da gente. E esse projeto é muito importante para conhecermos sobre nossos direitos. Eu sou menor aprendiz, entrei no mercado de trabalho recentemente, e ainda bem que de uma forma legalizada, sem correr riscos", relatou Carolina Ferreira, aluna do 9º ano.

Roberto Fabriciano, de 16 anos, também aluno do 9º ano e menor aprendiz, compartilhou sua visão: "O programa Jovem Aprendiz 

pode auxiliar na redução da vulnerabilidade infantil. Essa experiência que estamos tendo aqui na escola é muito valiosa, porque tem gente que trabalha em condições ruins, sem proteção, e falar sobre isso é importante, porque muita gente nem sabe que isso acontece."

A escuta como ferramenta de transformação

A juíza do trabalho Sabina Helena S. C. Rodrigues, idealizadora da roda de conversa, destacou a importância da escuta ativa: "Criamos esse espaço para que os adolescentes possam se expressar, refletir e compreender o que está por trás do trabalho infantil, sempre com foco na garantia dos direitos da infância e da adolescência. A leitura é uma ferramenta poderosa de transformação, e a receptividade dos alunos tem sido surpreendente."

O psicólogo do TRT-14 Frederico Alves Rangel, que acompanhou os encontros, ressaltou a relevância da iniciativa: “Sob o olhar da psicologia, trabalhamos especialmente as questões relacionadas à saúde mental e emocional dessas crianças e adolescentes, o que torna essa iniciativa ainda mais significativa. É um projeto muito rico e relevante, que o Tribunal tem conduzido com grande comprometimento”, completou.

A secretária da Comissão Regional de Combate ao Trabalho Infantil, Jaqueline da Silva Ramos, destacou sua trajetória e a importância do projeto: “Eu já estive no mesmo lugar que vocês, estudantes. Aproveitem essa oportunidade: estudem, leiam, se dediquem, porque a educação não muda apenas a trajetória; ela expande as possibilidades e dá ao aluno as ferramentas para ser o principal autor da sua própria história. Foi por meio dela que consegui ser aprovada em concurso público e hoje faço parte do TRT-14”.

A estudante Agnis Vitória Marques, de 14 anos, também compartilhou sua percepção: “É comum vermos meninos e meninas, seja nas ruas, vendendo produtos ou trabalhando para ajudar suas famílias. Por isso, considero esta iniciativa muito boa. Ela cria um espaço para discutir temas que nem sempre são tratados com a devida atenção. A leitura tem um papel essencial nesse processo, ao abordar assuntos como o trabalho infantil, nos ajuda a enxergar realidades diferentes e a desenvolver mais empatia e consciência social.”

A próxima roda de conversa literária está prevista para o dia 27 de novembro. O objetivo é que a leitura continue sendo um meio para o conhecimento e para que cada aluno se torne um agente de transformação em sua comunidade.

Secom/TRT-14 (Yonara Werri)
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